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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

- O Diogo? Rachel esquece, ele está fora do teu campeonato meu anjo. – Sim o Ricardo era o nosso amigo gay. Sabia bem o que queríamos dizer com perguntas simples.

- Mas qual campeonato? Tás doente? Vai tratar da febre e desaparece.
Puxei a Joana para a casa de banho com a desculpa de que havia bebido um pouco de mais e precisava de ajuda.

- Ju, por favor arranja-me o cabelo o melhor que consegues. O Ricardo tem aqui ainda algumas coisas minhas em casa.

- Mas? Não te sentes mal?

- Cala-te e ajuda-me. Penteia-me e pinta-me um pouco os olhos – sempre fui desajeitada a maquilhar-me e a arranjar-me, tinha sempre a Joana para me ajudar nessa função quase impossível para mim.

- Tá bem! Mas isto tem alguma coisa a ver com aquele Deus grego que entrou com a NAMORADA?

- Ju, sem perguntas por favor.

(Continua)
Conheci o Diogo no aniversário do Ricardo, que como sempre afirmava que não era nada formal, uma coisa para amigos íntimos, uma reunião caseira, acabava sempre numa festa com pessoas que nunca vimos antes. Vi aquele casal perfeito entrar e os meus olhos não conseguiam descolar, até a Maria a mais disparatada de nós todas reparou.

- Rachel, tas bem?

- Hein? Que foi?

- Tás a olhar para onde? É a tua vez de jogar!

Tentei concentrar-me no jogo, sim, éramos umas crianças, estávamos a jogar Uno, era a nossa diversão quando estávamos juntos. Eu, Maria, Joana e Ana. “Uno viciadas” era o que o Ricardo nos chamava, levando de seguida com uns quantos insultos por nos interromper. Não consegui conter-me agarrando o braço do Ricardo.

- Quem é ele?

(Continua)

Sempre soube que o Diogo namorava, desde o dia que o conheci, até porque os conheci juntos, conheci o amor deles antes de os conhecer. A Filipa, a perfeita Filipa, seu corpo esbelto parecendo de uma modelo, usando os seus jeans 36, o corpete preto realçando a sua fina cintura e os seus belos peitos, o seu cabelo longo e loiro solto… Uma Deusa, uma mulher como eu nunca tinha visto, mas ao lado… o Diogo, um homem que tirava a respiração a qualquer uma de nós. Seus olhos verdes, grandes, curiosos, o seu sorriso de menino maroto. Ele como homem mais velho, já com alguns cabelos grisalhos tornando-o ainda mais charmoso, bem vestido, com uns Jeans da Levi’s e um pólo azul-marinho que realçavam os seus olhos e o seu tom de pele claro mas iluminado, um Homem com 24 anos quando conheci. Eu não passava de uma miúda, estudante universitária de 19 anos, desleixada, com uns jeans que me ficavam largos e uma t-shirt de uma banda. Esta foi a figura com que conheci o homem da minha vida. A culpa foi do Ricardo (nosso amigo comum). O Ricardo havia andado na escola com o Diogo em crianças e eu conheci o Ricardo na faculdade. Acho que é importante dizer que o Ricardo tornou-se no meu melhor amigo, no meu companheiro de casa e no namorado durante o meu primeiro ano da faculdade e o ultimo dele. O nosso namoro era uma fachada. Simplesmente não queríamos estar sozinhos quando todos os outros estavam acompanhados.

(Continua)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Eu poderia dizer que a minha vida é quase perfeita, amo e sou amada, odeio e sou odiada, adoro e sou adorada. Penso que tudo tenha significado no que sou hoje, no que fui e no que irei ser.


Já não sou uma adolescente, tenho 28 anos e não passo de uma mulher normal, talvez um pouco maluca segundo as minhas amigas. Chamo-me Rachel, sou jornalista, uma profissão que para alguns desperta paixões e para outros raiva.


Gosto de quem sou, não… amo-me como sou, mesmo com as minhas inseguranças e desatinos. Sempre sabotei as minhas relações amorosas desde o dia que conheci o Diogo. Sempre o amei, e agora consigo ver com clareza e tenho coragem de o admitir. Ele é uma pessoa forte, diferente de mim, ele é distante, seguro de si mesmo e traiçoeiro como todos os bons engenheiros que conheci até hoje. Foi sempre assim que o vi, que o desejei e amei, mesmo sem saber. A conversa de ontem a noite foi o ponto final. O final de tudo…


- Nunca me irás amar. Isto não passa de Paixão. – Disse-me ele olhando-me nos olhos da forma que sabe que me parte o coração.


- Tu não compreendes, nunca compreendeste. Não esperava outra coisa de ti. Abre os olhos Diogo, estou cansada de ser “a Outra”.


- Vou casar!


O mundo desmoronou naquele momento como se fosse tudo um puzzle, ele estava à minha frente a negar o meu amor, a dizer que ia casar, a afirmar que eu era “a Outra” e que ela ganhou o coração dele. Não é que houvesse competição, nunca fui competição para ela.

(CONTINUA)